Sobre moda, desenho e identidade


Então lá vai: sobre a Lei Rouanet temos várias questões e muitas críticas, tantos já avaliaram e dizem que não funciona e/ou fomenta a desigualdade no quesito bens simbólicos. Outra abordagem e reflexão do tema dessa última semana seria sobre a Lei Rouanet permitir que dois designers/estilistas captem recursos para a semana de moda em Paris, Pedro Lourenço e Ronaldo Fraga.

Desde muito tempo penso e pesquiso sobre o "desenho" como identidade, lembram que estudei em Milão e isso foi sem querer e deu prá ser mais instrutivo ainda.
Mário de Andrade, grande pesquisador, e com uma visão prá além do tempo já tinha feito um levantamento sobre essa questão, naquele livrinho dele sobre a visita à Minas que foi quando deu de cara com o Barroco Mineiro. Digo livrinho não por dar menor importância, não; é que é curto mesmo e afetivamente eu o chamo assim.
O movimento Tropicalista, lembram? História da Arte, minha gente!!!
O Brasil tem muitas lacunas de criação do desenho (design) e a moda é uma decorrência dessa linguagem, assim como os móveis, a arquitetura dentre outras linguagens.
A indústria do vestuário têm sido dominada pela China que copia outras criações, para falar de mercado e assim consumir identidade e cultura através das criações de outros, que investem e criam e nós, pobres colonizados consumimos.
E para falar de Beleza, identidade, expressão, da matéria prima mais abundante, - o algodão -, e das nossas indústrias abortadas no período do ensino técnico na época da ditatura.
Essa discussão renderia e espero mesmo, - ...que tu me ensine a fazer renda...Olê mulher rendeira -, e que antes de considerar supérflua e "coisa de perua" respirem fundo e deêm uma olhadinha no M. Foucault.
Para aproximar, um exemplo: no projeto " A gente brinca até na luz do candeeiro, a noite inteira até o dia clarear" que enviamos ao Fomento ao Teatro propúnhamos, dentre outras, uma oficina de criação integrada, entre o processo de criação na linguagem teatral e na criação de figurinos com a Juliana Bertolini, pessoa incrível e pesquisadora da área da moda para os figurinos.
 Na Caixa de Fuxico, grupo no qual atuo, fazemos absoluta questão de valorizar a identidade e a cultura simbólica nos figurinos. E isso, eu sei, tem muita gente que não compreende. Prá criança então, bom..., mas essa seria outra enorme discussão.
Que a Beleza, a identidade, o ser quem somos, perpassa pela criação e pelo disegno (segno di Dio in noi). Sei bem que não dou conta de tudo aqui, (um pouco até me envergonho dos meus alunos que estudaram tudo isso e mais um pouco e queridos professores e mestres); nem minha intenção seria esgotar tão imenso tema.
E para fechar, com o mais citado da semana: "O Diabo veste Prada" muito antes de ser só uma excelente atuação da Meryl Streep pode ser também uma boa aula sobre a indústria, na qual poderíamos lucrar e também, com o "plus" de reafirmar nossa exuberância cultural/simbólica, o que sempre acho que demorou prá acontecer. Tente comprar uma camisa/bata ou um bom vestido de algodão "made in Brasil"...
(Para ler ouvindo Parque Industrial...Tom Zé)
http://www.youtube.com/watch?v=RYvqxEfPYhE

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